1 de dezembro de 2007

TEmpo E (é meSmo "e") diNheiRo



Há poucos dias, a malta foi às Docas, para festejar o aniversário de um colega… Quando estávamos a chegar, um atacador ranhoso, que tenho nas minhas sapatinhas, desatou-se e eu tive de parar um bocadinho de nada, só para o por em ordem.
Recomecei a caminhar para apanhar os outros e, num lapso, reparei que vinha ao meu encontro uma moça com uma capa na mão e, em cima da capa, muitos lacinhos daqueles que a Abraço costuma distribuir nas suas campanhas de angariação de fundos.
Parei; e de imediato a moça chegou à minha beira. Perguntou-me se falava português… Respondi que sim (ainda que um pouco espantado com a pergunta).
Ela continuou: - Não queres dar uma pequena ajuda às pessoas seropositivas, como eu?… Naquele dia até estava disposto a contribuir, já tinha metida a mão ao bolso e tudo. Mas se em mim houvesse algum resto de relutância, aquele “como eu?” tê-la-ia desfeito num ápice…
Tirei a mão, que já segurava a carteira, do bolso; abri-a e dei-lhe todas as moedas que tinha no momento… Foi, certamente, a mais generosa oferta que já dei nestes peditórios…
A moça tirou um dos lacinhos da capa e colocou-o no casaco que eu tinha vestido. – Cuidado para não te picares! – disse, e foi abordar outras pessoas. (Tudo isto demorou MENOS de 1 minuto.)

Durante os dez segundos seguintes, senti uma felicidade enorme… Não era vanglória nem orgulho… Tinha ajudado espontânea e sinceramente, e sentia-me bem… Só isso! Porque, quando se ajuda assim, outra coisa não é possível!
No entanto, à primeira tentativa de racionalizar o que me estava a suceder, toda a “felicidade” desapareceu… Porquê? – dizem vocês. A minha espontaneidade fora tanta que nem sequer pensei, por um segundo que fosse, que podia estar a ser enganado…
Bem vistas as coisas, ela não tinha nenhum tipo de identificação; o laço era feito de um bocadinho de fita e um alfinete de costura (nada apontava que fosse autêntico); ela estava num local estranho para um peditório daquele tipo, a uma hora estranha e estranhamente só nessa tarefa!
De repente, aquele “como eu?” parecia-me a maior hipocrisia que já ouvira… E a felicidade que me invadira esvaziou-se tão bruscamente que nem sei como o descrever…

Estava envergonhado comigo próprio… Mas lá arranjei coragem de me “queixar” ao resto da malta, em jeito de descarga de consciência… Riram-se (como é óbvio) risos construtivos, e disseram-me algo do género: deixa lá; fizeste a tua parte…
Ora, isso pôs-me de novo a pensar… Se eu fizera aquilo que deveria ter feito, porque me sentia assim, chateado comigo? É que se ainda fosse com ela!!... Bom, pensei, pensei, e eis as minhas conclusões… [Parafraseando Almeida Garrett, agora é que vem o importante!]

Estava triste não por ter sido enganado, porque disso eu não tenho culpa, mas por me ter esquecido de que a minha moeda, por muito grande que seja, não vale nada sem uma palavra amiga, um sorriso, um abraço àquele que pede na rua, e àquele que precisa… Quem já pediu, sabe que é assim.
Depois, se tivesse falado com a moça, não só tornaria mais rica a minha oferta, que naquele momento foi mesmo sincera, como também teria eliminado qualquer tipo de suspeitas de roubo…

Bom, é quase Natal… Época de grande solidariedade… Se fores interpelado, não te esqueças: Dá também um pouco de tempo…

30 de novembro de 2007

UMa LuZ nO EscURo [4ª teoria]


O Outono é a estação mais divertida, na opinião do Gustavo, porque o regresso às aulas, as colheitas dos frutos, a queda das folhas e a dicotomia frio/raios de sol são-lhe uma sensação fantástica. Sobretudo se a sua melhor amiga, a Clarinha, tiver como preferência a Primavera. É um tema de conversa [entenda-se Outono vs. Primavera] que leva tardes em rebatimentos de ideias. O ponto final é quase sempre o ponto inicial da conversa, «cada um na sua e os dois na boa». No entanto, o forte argumento da amiga fazia o “Charneca” magicar, pois a seguir à Primavera vem o pleno raiar (a estação genericamente preferida do vulgo), enquanto que o Inverno sempre foi visto com tristeza, porque não se pode fazer grande coisa… é demasiado parado, acrescentava ela. Mas nem por isso a ideia deste “filósofo nos tempos livres” se alterou. Pois, se isso acontecesse deixaria de ter as tão interessantes conversas com a melhor amiga. Não é que não falassem de outros temas, mas a estação fazia-se notar e toda a gente falava do tempo (da meteorologia, chuva na próxima semana, baixa de temperatura, …).


…começa o pôr-do-sol… esvanece a luz natural… escurece…


Desde casa da Clarinha até à sua eram uns 15/20 minutos a pé. Tinha de passar a praça Ponto Central e a uns metros ao lado do café Central já estava à porta do prédio. Mas, nesse dia foi por um “atalho”, não por ser mais curto, mas por ser pouco deambulado por ele. O piso era de areia, porque era o circuito de manutenção, e nem sequer repara que o seu andar deixa a marca das suas sapatilhas e nestas marcas de areia. Ia “distraído” mas “concentrado noutras coisas”, com se justifica aos amigos quando eles fazem amigavelmente esse reparo. «É uma forma estranha de viver» dizem rindo-se. E, de facto havia um motivo, havia uma pequena luz que efemeramente aparecia. Era um muito simpático PIRILAMPO. E sempre que o tentava apanhar ele desaparecia entre os seus dedos para piscar vinte centímetros ao lado. «Mas que poder – espantava-se – é fantástico. Como é possível que um bichinho destes que se alimenta de orvalho ter uma característica tão radiosa».
Na verdade, o parque nas traseiras da praça era um belo abrigo para estes animais, pois à sua volta havia mais uns quantos, mas ele só se deu conta depois desta feliz extasia.
- Porque é que pirilampos estão escondidos no escuro? Pela sua insignificância? Não me parece. Será que foram apenas criados para serem apreciados? – Eram questões sem resposta pronta e as perguntas eram mais que muitas. Como é possível que os pirilampos só sejam visíveis, pelos mais atentos, na presença do escuro. E quanto mais negro melhor se vê a luz inacessível desse ser!
A experiência tocou-lhe, não pela vulgaridade de encontrar pirilampos, mas pela invulgaridade de ideias que o facto de ir pelo «atalho» lhe trouxe.

28 de novembro de 2007

CLamor silEncioso


Em cada passo perdido
em cada gesto aparente esquecido
em cada grito sussurrado de um homem
ainda que pobre ou solitário
despojado de identidade de dignidade
está um clamor mais estridente
que qualquer outro som provocado.
Som silencioso capaz de calar o som das armas
ou de se calar por uma delas ainda que silenciosa e discreta.
Passo perdido dirigido a um limite que quer ultrapassar
ou a um fim que lhe querem impor.
Um olhar de pedido sem nada dizer a quem lhe pode dar algo
ou a quem ainda lhe quer tirar esse olhar que tem.
Um coração capaz de perdoar porque quer viver
mas que acaba por morrer porque ninguém o quer receber
apenas quer mandar num local isolado
de tudo e de todos.
Pode haver fome e morte provocada
mas a casa permance linda. rica, bonita e dourada...
Um paraíso criado num inferno real provocado...

(pensando na visita do rico Mugabe e no pisado Senegal)...

23 de outubro de 2007

ExecelÊncia vs SIMPlismo

Há, essencialmente, duas formas de levarmos a vida... E passo explicar…
Nós nascemos, não é? Nascemos… Sem nosso mérito, ou culpa. Não é? Pronto...
Mas não somos jogados, ou abandonados no mundo… Há sempre alguém que nos traz! Alguém que, bem ou mal, fácil ou ardorosamente, nos alimenta, nos ensina as primeiras palavras, nos ajuda a dar os primeiros passinhos. Certo? Pelo menos esse alguém existe...

O abandono verdadeiro acontece? Acontece sim, mas só quando nós começamos a tomar as nossas primeiras decisões... Aí, por mais que os nossos pais estejam por perto a ver e a vigiar, as palavras, os passos, os gestos dependem de nós, só de nós, de nós inteiros… Nada, nem ninguém, pode decidir por nós… Podem argumentar muito bem, podem aconselhar, contrariar, convencer, dificultar… mas “não há machado que corte a raiz ao pensamento”. Pois não?... Ele é nosso, só nosso, todo nosso. Isto é aquilo que alguém chamou: “condenação à liberdade”.

Ora, é só nesta liberdade que nós podemos usufruir desse grande e inestimável dom que é a vida. E, no caminho de liberdade em que andamos, há duas formas de levar o dom da vida… Sabem quais são? Pois, exactamente! … Empurrar, ou puxar!
Quem leva a vida empurrando-a, naturalmente, vai atrás dela. Esse carrega com todo o seu peso enfadonhamente, e tem os horizontes limitados aos poucos centímetros que consegue ver entre os seus pés e a vida que empurra… Isto desanima, claro. Por isso, quem empurra, empurra com inacção… Porquê esforçar-se? carpe diem!… Porquê ter 11, quando 10 te chega para passar?…

Quem puxa a vida, por outro lado, vai à frente dela, e de tanto olhar para a frente, para não tropeçar, e para saber por onde vai, alarga os seus horizontes até ao infinito… Isto anima a puxar cada vez com mais ânimo, para ir alcançando o que se vê, o que se deseja e admira; mais um pouquinho disso a que em português se chama "Felicidade".

Puxar envolve pressa, envolve garra… Não basta pensar no dia em que estou, é preciso preparar o de amanhã e o de depois, para que se possa viver dignamente os dias que se passam, isto sem nunca esquecer de preparar os seguintes com mais afinco ainda...
Os grandes homens não se fazem em dois dias, nem com objectivos rurais.

Bem, é aqui que entra o conceito de excelência e de simplismo! Alguém sabe como? Exactamente! ...
A excelência é aquele objectivo, por vezes quase utópico, que nos faz “puxar-mo-nos” para o mais... Para o mais valor… Para o Belo, o Bom, o Bem...
Na vida, quem tudo procura fazer com excelência, pode não ser completamente bem sucedido, mas, sabendo lidar com alguma frustração, será sempre mais…

Já quem faz as coisas só pelo que chega, especialmente quando o que chega é simplista, deixará de ser com o tempo… pura e simplesmente…

Olhemos para os tocantes exemplos de vida daqueles que se eternizaram, e o que é que vemos? Gente em tudo excelente, que não procurou simplismo, mas a radicalidade. Aprendamos de uma vez por todas que só vale a pena colocar desafios e levar o dom da vida que temos a bom porto, se pretendermos chegar um bocadinho mais longe do que o lugar onde estamos!...


E para quem ainda se ilude com o argumento de que a simplicidade é inimiga do excelência, aqui vai uma dica a propósito: "A simplicidade é o que há de mais difícil no mundo: é o último resultado da experiência, a derradeira força do génio!" (G. Sand). Caso para dizer: a simplicidade vem depois da excelência, e nunca rivalizando a par dela.

2 de outubro de 2007

O eRRO de PEssOa



Andava aqui a arrumar o quarto e encontrei o meu livro de Língua Portuguesa do 12º ano. Lembrei-me que o tinha guardado porque queria, um dia, relembrar os poemas que lá vêm, e ver as burrices do género: “ninguém me paga para aturar isto”, que na altura me apeteceu escrever. Passando os olhos pelas páginas de Fernando Pessoa retive-me naquele poema que é o descargo de consciência de todos os estudantes, a saber: aquele que começa por «Ai que prazer Não cumprir um dever, Ter um livro para ler E não o fazer.»

Recordo-me que, neste poema, para além deste desabafo inicial, que muito me apetecia citar quando os professores nos enchem dúzias de papéis com “bibliografia obrigatória e aconselhada”, sempre me atraiu a última quadra («O mais que isto É Jesus Cristo, Que não sabia nada de finanças Nem consta que tivesse biblioteca...»), por desferir o golpe fatal nas bibliografias enfadonhas, usando um exemplo tão profundo.
Contudo, desta feita, como é normal na poesia, o verso «Que não sabia nada de finanças» soou-me estranho, e levou-me a reflectir… Então, Cristo, a pessoa mais inteligente que conheço, não sabia nada de finanças? Nãaa…

Na verdade, os Evangelhos não são, sequer, nada parecidos com um moderno tratado de finanças, pelo contrário, até nos ensinam a não mentir nem roubar! Todavia, o problema não está no evangelho, mas na modernidade dos tratados… É claro que, se entendermos a actividade financeira como a arte de fazer galgar a nossa conta bancária, Jesus não tem nada a dizer. Mas se entendermos a economia como a arte de bem gerir os bens que possuímos (como me parece que consta dos dicionários), aí Cristo ditou-nos um manual fantástico!...

«Perguntavam-Lhe: “Que devemos, então, fazer?” Respondia-lhes: “Quem tem duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma, e quem tem mantimentos faça o mesmo.”»

Que nos perdoe Fernando Pessoa, por o termos iludido, confundindo o significado deste termo. Pessoa não errou, foi iludido por aquele que lhe disse o que vem a ser isso de finanças...

[Percebes agora qual é o sentido das Obras Sociais da Igreja?! Cristo não foi economista, mas foi ecónomo, e teria sido um óptimo Ministro das Finanças.]

7 de setembro de 2007

dE NovO!

De volta ao campo das grandes decisões.
Venho cheio de esperanças,
de sonhos valentes que procuram combater o medo
que aparece como uma incerteza cintilante.

De volta do campo do aconchego amigo
trago alegrias e momentos únicos
dos quais brotaram novos sentimentos
tão puros e tão verdadeiros como os primeiros que senti.

Voltemos juntos e entremos no nosso campo
procuremos todos os instrumentos que havíamos deixado guardados
mas que já não estão no mesmo lugar.

De volta ao campo novo que nos é dado
aproveitemos todos os seus atributos
cultivemo-lo ao máximo

talvez seja o último que cultivamos com estas enxadas,
que lavramos com estes arados.
Talvez, como prémio do nosso trabalho,
nos dêem um campo novo ou um novo trabalho.
Peçamos simplesmente um novo agricultor!

23 de agosto de 2007

O verÃo, cOMO ele É!..


Verão… Estação perfeita para os políticos aldrabões, porque toda a gente SÓ pensa em férias, praia, sol, descanso, balda, festas…
Eu não sou excepção... Estou de férias e, sinceramente, a última coisa que me apetece fazer é pensar e/ou fazer o que quer que seja de útil. (Daí o Mundo_MaLUco andar tão calminho estes dias!)
Contudo, hoje, ao acordar, tive uma estranha sensação. Calamaria a mais. Não sei precisamente o isso seja, … mas parece que a minha cabeça se cansou de descansar e quer, para variar, fazer alguma coisa de útil… Estranho, não é? … Será que sou o único ou também já vos aconteceu o mesmo?
Fiquei muito preocupado com a minha sanidade psicológica perante o desejo de trabalhar em pleno tempo de férias e resolvi desabafar com algumas pessoas, daquelas mais velhinhas e mais trabalhadoras do que eu. E imaginem o que aconteceu... elas disseram-me que o que senti é uma natural consequência de não fazer coisa alguma!
A receita para “crise de férias” é, segundo eles, fazer alguma coisa de útil durante as férias.
Fazendo um extremo esforço por encadear racional e logicamente meia dúzia de palavras, pensei por uma fracção de segundo e acho que eles, possivelmente, são capazes de ter algum bom bocadinho de toda razão!
Na verdade não me faltam tarefas para cumprir, tarefas que, cheio de boa vontade, no início do tempo de repouso, me propus a realizar com afinco e dedicação! ...
Agora, a questão é a seguinte, e foi por isso que eu resolvi escrever este post: será que alguém podia ser a minha cobaia e verificar, efectivamente, se isso resulta??...

8 de agosto de 2007

PetEr Pan


Eu já tenho 20 (vinte) anos. Parece mentira, penso eu, 20 (vinte) anos?.. Uiiii…
O tempo passa, e passa depressa, deixando, algumas vezes, a impressão que passou por nós…

Assim pensava, quando me lembrei do que me ensinou Peter Pan sobre este assunto e resolvi, na linha do que tinha prometido fazer, falar-vos de mais estes “macaquinhos”.

Quem é Peter Pan?
Bem, … Peter Pan é um tipo magricelas e altinho, todo vestido de verde e de barrete à Robin Hood com uma pena de índio enfiada na ponta.
Vive na Terra do Nunca, e lidera um pequeno grupo de rapazes que têm uma particularidade muito interessante: não crescem...
Para que é que Peter Pan interessa?
Aparentemente, Peter Pan é uma história que diz apenas respeito aos pequeninos. Mas já diz o ditado: aparências iludem!!
Na verdade, a Terra do Nunca diz respeito aos “pequenos” porque a fantasia, a alegria e a aventura eterna dizem-lhes respeito. Mas, se repararmos, “os pequenos” estão fartos de ser pequenos! Tão fartos, que desejam saltar por cima de alguns anos e tornarem-se adultos de imediato!

Já aos “grandes”, a Terra do Nunca interessa muito mais do que aparenta, pois são estes que desejam saborear calmamente e, se possível, parados numa eterna juventude, todos os restantes anos da sua vida.
O que Peter Pan ensina?
A história exalta a fantasia, a alegria e a aventura eterna dos tempos de infância e de juventude. Mas, não se limita a mostrar encantos e também descreve os ângulos perigosos da fantasia (não fosse existir na Terra do Nunca um terrível Capitão Gancho), especialmente aquele, pelo qual a fantasia nos prende eternamente nela, e é aqui que se começa a desenhar a verdadeira “moral de toda a história”.
A maravilha do mundo ideal é “maravilhosa”, mas quase nunca é real! E, quer queiramos ou não, é o real que existe!
É por isso que Wendi quer voltar a Londres, de onde partiram. Porque é lá que está tudo e todos os que amamos.

Vinte anos depois de nascer, confesso, tenho pena de, em algumas situações, ter vivido como vivi! Custa-me desculpar-me de não ter sido mais aventureiro, mais atrevido, ou mais ajuizado e comedido - conforme as situações.
Contudo, de Peter Pan aprendi que não vale a pena ficar preso ao que de fiz de errado, sonhando com como teria sido a minha vida se isto, ou aquilo, tivesse sido diferente!
O importante é olhar em frente tentando não bater com a cabeça nos mesmos locais!
Como diz o Jorge: Quando reclamas, ou te lamentas, já estas a perder o tempo que poderias utilizar para melhorar!...

Viva os meus 20 anos, e que venham os 21 (vinte e um)!...

31 de julho de 2007

QuEm cONta uM coNTo, aCresCEntA Um PonTo




3ª Teoria


Um passeio até ao jardim da Praça Central sabe muito bem, sobretudo se os termómetros estiverem acima da linha do horizonte. As arvores fazem cá uma sombrinha… Tem tantos plátanos tantos «velhos no banco de jardim».
Para espanto do Gustavo, e entre pessoas conhecias e desconhecidas, a andar e sentadas, estava um desses «velhotes» como a «juventude» chama. Está sentado num banco, aquele que fica perto do chafariz. Charneca sempre achou aquele sítio o mais fresco de entre todo o parque, e o tio Luís como já sabia disso já lá estava a guardar lugar.
O «Ti Luís» para ele é um grande poço de sabedoria, aliás, ele desconfia que seja um poço sem fundo, porque sempre que a conversa entre ambos acabava era porque o Charneca tinha de ir-se embora. Ele não tinha todo o tempo do mundo ao contrário do tio, mas até que gostava muito de o ouvir, devido à grande capacidade de dramatização ao contar uma história. Quase que se lhe podia chamar o Homero do banco de jardim…

… [novamente reticências]

Desde o início da tarde que o tio Luís desbobinava as melindrosas histórias. É incrível como para ele tudo tem uma lógica. O Charneca delicia-se com a narração das lendas vivas que são os episódios da vida do tio. Os seus tempos de infância são sempre qualquer coisa de épico. Será que o tio não coloca uns adjectivos a mais? – Pensa.
Depois das despedidas, a Charneca vai sempre a pensar no que ouviu. Risse e pensa. E muitas vezes acha que o tio gosta de eternizar a sua história. É um pedaço de si que não vai para a cova. Afinal, ele faz aquilo que todas as civilizações fizerem: memórias… porque é-se mais forte e poderoso quanto mais se falar da nossa identidade. Então, todos nós buscamos um pouco de eternidade. E a vulgaridade por si só não chega, tem de haver um pouco de mito na nossa história. Fica mais fixe!... – Diz para si enquanto abre a porta de casa. Fecha a porta mas não esquece o que o dia lhe proporcionou.

a TeRNUra dA Noite

«É bom pensar... sentir a presença das nossas memórias, das nossas recordações que parecem tão próximas apesar da distância dos anos. Muitas vezes, ou quase sempre, o recordar implica uma ausência, algo que falta e que, porque queremos que esteja connosco, levamo-lo para aquele sítio especial.
Muitas vezes eu recordo momentos, sensações, pessoas não porque estou só ou carente mas porque são algo de muito precioso para mim. Gosto desses momentos: à noite, na varanda, sentindo o fresco da noite, depois de um dia de calor intenso, como que a renovar a frescura da vida que tantas vezes se parece desgastar ou enfraquecer.
Ao recordar, sentindo a frescura que nos invade, sinto também um calorzinho intenso muito querido e reconfortante no meu interior. As palavras não expressam nada do que se sente, fica-se apenas (e já é muito) pelo sentir, deixando que nos invada e nos tome por completo. Depois de longos trabalhos, de preocupações que absorvem a nossa atenção, a noite une todo o nosso dia, todas as nossas pequenas ocupações, tudo o que se foi deixando aqui e ali, disperso e confuso.Tudo é importante no quadro que se pretende pintar. Tal como os espaços vazios, também os pretos contribuem para uma harmonia que se percebe quando nos propomos ver de longe. E isso é difícil, implica que fiquemos expostos, sem preconceitos ou medos... apenas nós mesmos e os nossos olhos.»


[pequeno extrato]

28 de julho de 2007

[cOntiNuaçÃO]


E no alto mar
Durante noites longas de tempestade
O nobre marinheiro
Agarrou o leme com a vida
E com o espírito de Portugal.

Enquanto no porto seguro se reza e se contempla o mar
Na esperança de ver, no horizonte,
A nau venturosa que um dia partiu
No mar alto, longe de qualquer terra
Mergulhados no azul profundo
Do céu e do mar
Os ilustres cavaleiros do Reino
Lutam continuamente por um ideal
E sobretudo por cada família que os viu partir.

Coragem, meu povo!
O Mar venceu mas não nos vencerá
O nosso desejo de encontrar a terra
Que nos fala de riqueza, de vida, de segurança, do mar.
Cada um de nós
Ao colocar os pés na terra firme
Falará a todos do mar
O Mar que desafia e fascina quem o contempla de terra
Mas que faz temer quem o enfrenta corpo a corpo
No seu mundo.
Ao chegarmos à terra
Chegados a nossas casas, aos braços de quem amamos
Saibamos que não é aí o nosso lugar
Somos do Mar, cavaleiros sem seguranças
Sem castelos indestrutíveis.
Somos nós mesmos, de espírito nobre de sangue português.

Sim à Liberdade e à força humana que se mostra pela vida
Sem rochas polidas ou amontoadas.

23 de julho de 2007

onTeM POrtuGal!

(Foi tirada por mim)

Só um grande povo, com grandes ideais,
Coloca no céu o limite das suas aspirações.
O desejo de descobrir, de conhecer é tipicamente português.

O Português tem o céu no coração
As mãos criadoras na terra
Enchendo-a com o suor do seu trabalho
E tem os olhos no mar
No qual, um dia pensou poder conquistar o céu.

Por ele lutou, mostrando que ser português
É ser um guerreiro sonhador em busca do limite
Que quer conquistar,
Para o fazer seu e de quantos por ele lutaram.


13 de julho de 2007

AMAnheCeR!


«Que lindo dia está hoje!» Foram estas as minhas primeiras palavras enquanto abria os cortinados da varanda que dava para o bosque: o Sol entrou de imediato, enchendo tudo com a sua presença, convidando todos para a festa que é a Vida. Estas palavras foram a minha verdadeira, porque espontâneas, oração da manhã.
Ficando por momentos, absorvido em todo o real, que pode ser imaginário, a saborear tudo como se fosse a primeira vez que percebia a sua existência, a deixar o sol aquecer o meu corpo suado (foi quente a noite passada, a mais quente do ano, diziam os entendidos e o meu corpo confirmava), fui interrompido pelo barulho inoportuno do meu despertador. Hoje tinha acordado primeiro. Sim, fui acordado por algo especial que não provem de um som exterior, (quase sempre despropositado, o malvado) mas de um desejo melodioso que faz uma harmonia perfeita entre o sonho e a realidade.

«Que óptimo dia para dar um passeio!» Em poucas palavras, sem grande actividade intelectual, fiz um propósito para o meu dia muito especial. Mais que um propósito, podia ser o ideal de uma vida, mas por enquanto era apenas o propósito do meu dia.
Dias especiais, propósitos especiais exigem uma companhia especial. E assim foi… Preparei o meu pequeno saco de passeio, alias já estava preparado desde ontem, ou melhor, desde a semana passada. Não… Já nem me recordava de quando o havia preparado, mas o importante é que estava pronto.
Tinha quase tudo pronto da minha parte, faltava apenas aquela companhia especial, esta também tinha, em certa medida, de ser eu a preparar. Tinha de lhe dar um nome especial, um espaço onde a aconchegar, um tempo que me possibilitasse tudo isso. No fundo, sabia quem era a companhia especial e não hesitei em ir, acompanhando a luz que ainda desbravava por entre a escuridão do lado oposto ao meu quarto.Era bonito ver ao longe, no fundo do pequeno vale, onde começava a cidade, a quase escuridão, parecia que tudo ainda dormia, e atrás de mim, ao meu lado agora já à minha frente uma forte luz que avançava suave. Decidi dar uma pequena corria…


Então cheguei, bati à porta e logo depois a luz chegou… Nem tenho a certeza se foi depois ou ao mesmo tempo… Sei que não foi antes!

11 de julho de 2007

as MinHAs varANdas!


Todas as manhãs me sento a tomar o meu café na varanda da minha casa que dá para o bosque. Dizem-me os meus amigos: "Tão certo como o sol raiar, todas as manhãs te vemos na varanda quando vamos trabalhar!"
Tenho sorte de ter uma casa onde de manhã vejo os montes altos que tentam a todo o custo, todas as manhas, reter, enquanto podem, o sol que não pede licença para entrar, as colinas que no Inverno se cobrem de neve, as arvores que no Outono deixam suas folhas, os caçadores que no verão buscam, entre toda a vegetação, as suas presas, as flores que na primavera abrem-se ao sabor do vento, vestem-se vaidosas só para cativar o olhar de quem passa, ou simplesmente para garantir que são vistas e não são calcadas. E ao fim da tarde, do outro lado da casa, numa varanda mais escura mas mais aconchegada, vejo o pôr-do-sol que desce sobre a cidade, as pessoas que regressam cansadas a suas casas, o ar sujo que pinta de cores maravilhosas o céu, os vidros que reflectem em mil direcções as últimas gotas de luz.
Em minha casa tenho a varanda dos sonhos, dos projectos, do desejo de viver com muita naturalidade. Sem pressas, sem construções fortes, mas com abrigos amorosos que se confundem com tudo. É uma varanda que adoro e que no fundo não me pertence, é mais um prolongamento de algo mais. Nesta não tenho cadeiras nem sitio onde repousar, apenas um espaço amplo onde posso correr saltar, sentir-me de facto cheio de vida, livre, unido a tudo o que me rodeia. Aqui há luz, há vida, há força, há beleza.
Tenho também uma outra varanda que, para mim, é especial e única. Aqui tenho um bom sofá, grandes cortinados, enfim um ambiente terno e doce. Aqui passo muitas horas da minha vida… A sentir, a recordar, a reviver ou melhor, a viver tudo de uma forma diferente. Quando entro neste meu pequeno átrio o meu relógio para, entro apenas eu. E comigo entra apenas quem eu quiser e aquilo que eu, depois de lá estar, for buscar. Aqui a luz é reduzida, tenho dificuldade, em certos dias, em ver-me a mim próprio. Mas amo este espaço que parece pequeno da minha casa. É bom sentir que temos espaços na nossa casa onde viver e descansar, onde sonhar e reflectir, onde amar e ser amado…
Já sabes, quando quiseres fazer uma casa, diz ao arquitecto para ter isso em conta. É importante para que te sintas bem, no fundo, para que te sintas, de facto, em casa.

10 de julho de 2007

oLhaR dE etErniDade!



Saio de casa apressado
Sim... novamente atrasado.

Mas hoje sentia, em mim, algo de diferente
Uma inquietação? Um conforto? Um carinho? Uma preocupação?
Talvez tudo isso.
Mas era diferente... Era especial...

Decidi parar dentro de mim enquanto caminhava...
Olhava... Sentia... continuava quase a correr...

Parei completamente e vivi:

«Perante qualquer sentimento
Vem o Silêncio, Rompe um olhar
Sessam as palavras,
O tempo!? levamos para o esquecimento!

Tudo pára lá fora
Enquanto corremos dentro de nós
Muito embora
Saibamos que não estamos sós!

Silêncio... Vamos outra vez...

Vamos novamente passear alegres pelos doces campos verdes
Vamos sem parar... colher flores e oferecer
Vamos perdidos... sentir o vento, a erva que nos acolhe
Vamos sem desanimar... sorrir e calar
Vamos pintar o céu de mãos dadas
Com sonhos, silêncios, sorrisos, brilhos...

Silêncio... Vamos outra vez...

Olhar-nos fixamente
Em breves segundos sentir toda a eternidade que passamos juntos.»

Cruzamo-nos na passadeira... Olhamo-nos...
Continuamos cada um o seu caminho...
Mas valeu a pena sentir a eternidade em cada passo que nos aproximou e nos foi separando...

Estou cansado... talvez amanhã nos vejamos novamente...
Aonde será a próxima ida?

9 de julho de 2007

heRói!? pOdeS SeR um hEróI!!!

«Gostava de poder ser um herói… No fundo sei que o sou… Um herói feito de grandes sonhos, de infinitas esperanças, de algumas e pequenas conquistas.
Os medos, as dores e as opressões nada valem comparados à gloriosa alegria de quem fiz feliz. Rostos de esperança esperam algo: alguém que liberte, que seja o seu herói… Esse não sou eu, mas é o Eu mais profundo de cada um… Todos o desejam, esperam que um dia apareça, que vença e que triunfe…

Não serei eu…
Um pequeno herói é proclamado, um pequeno herói deseja impor-se. Precisa de desafios, de obstáculos que o façam emergir!»

8 de julho de 2007

A gRaTuiTIdAdE dO oBriGaDo


2ª Teoria do Charneca

As aventuras do «Charneca» são interessantes o suficiente para deixarem qualquer um a pensar… Dizem… Ele “raciocina de forma diferente”.
Desta vês é sábado e é ele a comprar o jornal lá para casa, quem diz jornais diz também a sua Super Interessante, que mensalmente lhe alimenta o “cientista louco” que há nele.
Sai de casa, desce as escadas, fecha a porta do prédio, espreguiça-se, coloca as mãos no bolso… enfim, um exercício matinal que já é hábito; tão hábito que o senhor do quiosque (o Sr. Rogério) já tem preparado para ele toda a mercadoria. Mas… Quem lá está? A sua miúda, dito na linguagem da gíria. É Clarinha!
Enquanto se aproxima, repara que ela esboça um sorriso logo depois de pagar a revista que comprou. Era um obrigado manifestado com ternura e profunda gratidão. E ao que parece o Gustavo nunca tinha pensado no valor daquele obrigado… um sorriso que provocava no receptor um também.
- Aquela manifestação de afecto que ela manifestou ao senhor do quiosque – pensa para si – é o gesto mais gratuito que há. Não tem qualquer preço, porque o sorriso de um obrigado ultrapassa qualquer tesouro e é compreendido em qualquer parte do mundo.
De repente, também ele é apanhado por esse sorriso… do qual o seu «olá, bom dia Clarinha!» é infinitamente inferior.

… [de novo reticências]

Ao voltar a casa, que coisa… parece que tem andado distraído estes anos todos sem reparar nos “smile’s” das pessoas ao agradecerem. É que ninguém lhes paga para fazerem esse ritual. E é uma sensação deveras reconfortante. Desembrutece os nossos sentimentos e elimina rostos carrancudos ou simplesmente cansados do mesmo gesto de cada dia.
À medida que ia pensando nessa questão, chega a casa, coloca o jornal na mesa à frente do sofá da sala, onde o pai dentro de 15 minutos o vai folhear. E conclui:
- É um tesouro que não pertence ao gananciosos. Pois só faz sentido quando ele é dirigido a alguém. Tem de ser para os outros. O sorriso não fica aprisionado na caixinha dos sentimentos, mas dá-se incondicionalmente.
Para um dia de sábado já não é pouco!!!

6 de julho de 2007

EstRAnhos coMo eU…

A propósito do post "TarZan..", aqui fica a transcrição de uma das músicas do filme.
É impressionante o que um poema pode dizer! É impressionante o que a música pode fazer a um poema!

Vou ser como tu, tal como tu.
Vou ver tudo, diz lá como é.
Tudo isto é novo,
sem sentido para mim.

Sei que há tanto para aprender.
Está tudo aqui mas onde está?
Ah, é assim que eu sou para os outros.
Agora sei que há mais do que eu pensava.

Vá diz-me lá. Vem mostrar-me.
Vou saber tudo destes estranhos como eu.
Diz-me mais, mais coisas.
Eu vou jurar que têm algo de meu.

Cada gesto, qualquer coisa que faz,
faz-me ver o que eu nunca vi.
Não sei o que é,
esta vontade de estar com ela.

Emoções novas, talvez para mim.
De um mundo diferente, para lá daqui.
Além do sol, um outro céu.
Sei que existe um novo mundo.

Vem comigo ver como é.
O meu mundo é bom demais.
Sente salvo o bom em ti.
Como eu senti.

Dá-me a mão, tenho um mundo para aprender…

Vá diz-me lá...

5 de julho de 2007

TarZan..


Bem, já que estamos numa de pensar sobre a amizade, a primeira história daquelas que vos prometera tratar em “voLtem A conTaR_Me as HISTórias dE PUTo! pff...” será a de Tarzan ..

Todos conhecemos, sem dúvida, o menino que perdeu os seus pais num naufrágio, ao largo da costa africana, que foi salvo e criado na selva por macacos mangani, e que, muito tempo depois, se apaixonou pela jovem Jane, vendo-se, então, obrigado a escolher entre as suas raízes (o seu mundo) e a sua natureza humana (o seu amor por Jane).
Esta história dele derreteu o coração de toda a gente, sobretudo após o filme animado da Walt Disney, e a
razão do sucesso desta história deve-se ao facto, muito simples, de ela tocar um ponto fundamental da dimensão humana do homem: a dimensão comunitária/social.

Nós somos seres um bocadinho estranhos! Por um lado somos um “eu”, bichinho egoísta que procura sobretudo a sua própria satisfação. Por outro lado somos um “nós”, bichinho que é fruto do contacto com os outros homens que o envolvem, e sem os quais jamais se realiza. Nós somos algo de novo, mas feitos de “bocadinhos” de outros homens. Bocadinhos de tal forma essenciais para nós que sofremos bastante, ou rejubilamos, com a dor, ou com a ventura, dos homens de cujos bocadinhos somos feitos.
O homem nasce com as características físicas de homem, mas não é homem sem se humanizar no meio do contacto com os outros homens, sem ser acolhido e reconhecido por eles. Tarzan encarna o homem que não teve direito a esse contacto com os da sua espécie, e que, por tanto, não se pôde humanizar. Jane encarna a figura da comunidade que introduz o homem nas estruturas de significado próprias do homem, que lhe dá os instrumentos necessários à descoberta das suas capacidades como ser humano, e que o completa, na sua necessidade de afecto e amor.


Isto vê-se bem quando a Jane e o professor Porter mostram a Tarzan a projecção de imagens aparentemente banais (uma bicicleta, um ramo de flores, um homem a dançar, uma casa de pedra, …) abrindo-lhe de repente um mundo completamente novo e infinito.
Assim se passa também entre nós. Nós somos homens de corpo, mas somos ensinados a ser homens de espírito. Se não ensinarmos as nossas crianças a ler, por exemplo, elas jamais serão capazes de penetrar no mundo infinito dos livros e dos seus saberes; se não ensinarmos as nossa crianças a amar, elas jamais serão capazes de viver num mundo de paz e amor, porque não o conhecem, porque não o podem entender.

Em pequenino, com Tarzan, eu aprendi filosofia, mesmo que inconscientemente. Aprendi que não me bastam os mangani mas que preciso de uma Jane.
Os desenhos animados têm a grande vantagem de, cativando o interesse e a atenção das crianças, educar e enriquecer. Já com os “Morangos com Açúcar”, ou os outros de que falei, o que é que se aprende exactamente?... Filosofia não é de certeza. Matemática, ou outra ciência, também não me parece que seja... portanto, isso não educa, entretém.

Ora, Tarzan também estava entretido entre os mangani, mas…

4 de julho de 2007

VidA e AmIzaDE


Quem não tem tempo para os amigos, não merece ter Amigos!
Se o tempo é vida o que é uma vida sem amigos?
E que são os amigos se não aqueles com quem vivemos e partilhamos o nosso tempo!?
Se podemos imaginar uma noite sem estrelas, ainda que seja dificil,
Não podemos conceber uma vida sem amigos!
Se é vida tem de ser parrtilhada...
Se é partilha tem de ser comunicada...
Se é comunicada tem de ser uma relação...
E o que é a amizade se não uma relação, uma partinha e uma comunhão de vida?
A amizade é uma dar recebendo e um guardar partilhando!
Só assim é amizade, só assim há vida...
Se a vida não for isto não sei qual o seu sentido...

Se a vida não for isto prefiro morrer!

3 de julho de 2007

peNsaMeNto


«Procura no dar
A alegria do Receber!...»

[O Silêncio é melhor
Que palavras ocas
Que se perdem - loucas
Na imensidão da noite.
Voltemos às palavras sentidas
Aos gestos consentidos.

Sintamos
O Silêncio
Que nos percorre
As palavras
Que nos envolvem!]


2 de julho de 2007

ConVicções _ PoRquê CamuFlá-las?

As nossas convicções nem sempre produzem o efeito positivo que podiam e deviam produzir. Passo a explicar. Desde que nos propomos a emitir uma verdade de acordo com as nossas convicções damos e ficamos com a impressão de estarmos ser retóricos. Como é que hoje não poucas verdades, proferidas que sejam, por vezes, em tom patético, imediatamente ganham aspectos retóricos? Porque é que cada vez há mais a necessidade, quando pretendemos dizer a verdade, de recorrer ao humor, à ironia, à sátira? Porquê adoçar a verdade como se de uma comida amarga se tratasse? Numa palavra, porquê um certo ar de astuciosa condescendência? O homem de bem não tem de envergonhar-se das suas convicções, mesmo que estas se manifestem sob a forma de retórica, sobretudo se está certo delas.
Com isto não pretendo desvalorizar o humor, a sátira, a ironia, mas, pelo contrário, pretendo chamar a atenção para a necessidade de se valorizar a verdade, tal qual ela é, e as nossas convicções positivas que podem contribuir para melhorar o mundo que, sem dúvida, anda maluco. Pretendo ainda, modestamente, enaltecer este blog e quem nele trabalha, bem como todos aqueles que cá deixam comentários, porque, sem medo e sem camuflagens, expressam as suas convicções.

1 de julho de 2007

ai E taL... tAs cOm CEnas?! [1ª paRTe TaLveZ]

Quando nos encontramos com alguém que mal ou não conhecemos, nos momentos inicias, sentimos uma sensação estranha, inquietante e deliciosa, perturbadora e reconfortante, fruto do impasse que se cria. É algo muito interessante. Ambos queremos dizer qualquer coisa, e temos muito para dizer, mas é difícil começar.
Mais que o simples desejo de quebrar o silêncio, [inquietante porque não se conhece nada, absurdo por ser difícil partilhar, prejudicial por não permitir a comunhão], está um desejo muito íntimo de conhecer e sobretudo de se dar a conhecer. Não será por acaso que no primeiro encontro, antes da outra pessoa nos conhecer, vestimo-nos bem, escolhemos um bom perfume (aquele que usamos em momentos especiais) para sermos aquilo que somos quando nos empenhamos em ser verdadeiramente quem somos (desculpa as voltas na linguagem, mas percebes…). Queremos dar-nos a conhecer (temos essa necessidade), e quando o fazemos, procuramos dar um bilhete de identidade perfeito de nós mesmo: é normal e bom que isso aconteça.
É este desejo, de nos darmos a conhecer, que possibilita um outro, o de querermos conhecer. Damos a conhecer aquilo que amamos, nós mesmos, para que essa pessoa ame e para amarmos aquilo que ela oferece ao dar-se a conhecer.
Quanto mais queremos dar-nos a conhecer, mais seremos amados, e porque o Amor é uma relação, mais amaremos!
Só assim há Verdade, só assim há verdadeira Humanidade!
[…]

coNtrAdiçÕes

Acredita
Sente
Não penses.
Aceita
Faz
Não fales.
No Amor
A Paz
O Silêncio
O Bem
Não fales
Não penses.
[É]
Ainda que isso implique pensar
Ainda que exija falar!

30 de junho de 2007

"O eSsenCiAl é inViSíveL aOs oLhoS" (pArTe 1)


«Foi então que apareceu a raposa.
- Olá, bom dia! – disse a raposa.
- Olá, bom dia! – respondeu delicadamente o principezinho que se voltou mas não viu ninguém.
- Estou aqui – disse a voz – debaixo da macieira.
- Quem és tu? – perguntou o principezinho. – És bem bonita…
- Sou uma raposa – disse a raposa.
- Anda brincar comigo – pediu-lhe o principezinho. – Estou tão triste…
- Não posso ir brincar contigo – disse a raposa. – Não estou presa…
- Ah! Então desculpa! – disse o principezinho.
Mas pôs-se a pensar, a pensar, e acabou por perguntar:
- O que é que “estar preso” quer dizer?
- Vê-se logo que não és de cá – disse a raposa. – De que é que tu andas à procura?
- Ando à procura dos homens – disse o principezinho. – O que é que “estar preso” quer dizer?
- Os homens têm espingardas e passam o tempo a caçar – disse a raposa. - É uma grande maçada! E também fazem criação de galinhas! Aliás, na minha opinião, é a única coisa interessante que eles têm. Andas à procura de galinhas?
- Não – disse o principezinho. – Ando à procura de amigos. O que é que “estar preso” quer dizer?
- É uma coisa de que toda a gente se esqueceu – disse a raposa. – Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.
- Laços?
- Sim, laços – disse a raposa. – Ora vê: por enquanto, para mim tu não és senão um rapazinho perfeitamente igual a outros cem mil rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto, para ti, eu não sou senão uma raposa igual a outras cem mil raposas. Mas, se tu me prenderes a ti, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E, para ti, eu também passo a ser única no mundo…»



Antoine de Saint-Exupéry, O Principezinho, cap. XXI

29 de junho de 2007

cooRRE COrre saBroso...

«Mais um dia corre lentamente
Como anda devagar o tempo
Quando se quer algo que parece fugir.
Corre corre meu querido tempo
Apesar de não querer que passes depressa
Sei que és a única via de a alcançar.

Sim, corres andas deslizas
Mas nada de novo acontece
Apenas um cumular de acontecimentos novos.
Serás tu que corres devagar?
Será o que desejo que foge?
Diz-me meu querido tempo
Para que lugar me queres levar
Corres para o encontro?
Precipitaste para a morte?

[SILÊNCIO
]

Tudo me vai sendo revelado
Em cada momento que me é dado!»

28 de junho de 2007

voLtem A conTaR_Me as HISTórias dE PUTo! pff...

Concordo com o Júlio! (uMa ViDa...)
É sempre bom e agradável relembrar os velhos tempos de infância, as nossas asneiras de crianças e os respectivos castigos, os tempos em que ainda havia pela frente todo o tempo e o mundo todo para explorar! Não é?…

Não há muito tempo tive oportunidade de relembrar alguns dos desenhos animados que, quando era miúdo, enchiam o meu imaginário. Podia enumerá-los, mas já assim me acusam de me estender demais, quanto mais se o fizesse!...
Interessante notar é que, "quase" adulto que sou, muitas vezes tomo as atitudes dos "bonequinhos" que vi, e que me comporto como eles. É claro que, aqui, a relação causa efeito está errada. Eu não me comporto como eles, eles é que foram criados para me transmitir aquilo que eu devia aprender: coragem, honra, verdade, humor, asneiras também, etc. :p) … Fica a ideia…
[Um destes dias hei-de falar-vos daquilo que esses bonequinhos nos têm para dizer. Tema muito interessante que se abordasse aqui me levaria outra vez para os quinhentos metros de post… Não posso! – Tenho de me conter!]
No entanto, gostaria de vos pôr desde já a pensar (se bem vos lembrais esse é exactamente o fim deste blog) …
Sensibilizado pelo que aprendera com os "meus macaquinhos", deitei um olhinho aos desenhos animados e à programação infantil destes dias e fiquei perplexo! Alguém sabe o que é que se aprende com uma hora diária de “As Navegantes da Lua”, de “Powerpuff Grils ” ou de tantas outras séries, principalmente chinesas, das quais nem consigo fixar o nome? E, vamos mais longe, com os “Morangos com Açúcar”, ou com a “Floribela”?
E, pergunto ainda, supondo que alguém consegue encontrar algum teor apreensível no meio de tudo aquilo, será que o devíamos aprender? Vale a pena o esforço, ou até são mais as asneiras que as virtudes que podemos aprender? …
Digam-me, se é que sabem, por favor; porque eu não consigo perceber!
É verdade que as crianças têm uma imaginação que todos nós “quase” adultos já perdemos, e que descobrem tesouros onde aparentemente nada há; mas e não me venham com a história de que os tempos mudam e os gostos também! A minha priminha, que tem dois anos, também se maravilha a ver os desenhos animados que eu via há doze anos…
A diferença? Nuns há muito que aprender, foram feitos de anos de velha experiência e sabedoria do senso comum e da filosofia; os outros tem de manter as audiências e render aos produtores.

Bem, quanto a mim, deixem-me ver os clássicos…

à liBeRdAde

«Gloriosa e penosa Liberdade
Que oprimes e libertas
Quem a ti se entrega
Sem certezas
Sem um porto seguro
Onde possa se abrigar!

Gloriosa e penosa Liberdade!
Fazes com que vivamos sempre
No velho dilema da escolha:
Dizer sim a algo é dizer não a outra coisa.

Que triste e livre resolução!

Que aquilo porque optamos
Dê sentido e supere o que deixamos!»

27 de junho de 2007

esTáS eM miM!

«És tu que falas
Sou eu que ouço
É teu o meu tempo
É meu o nosso espaço.
Vives a tua vida
Vivo a nossa vida
Pertences ao tempo
Ao tempo que eu também pertenço.

Saboreamos momentos únicos
Sentimos vivências inexplicáveis
Vivemos

Corremos
Paramos


No meu eterno jardim!»

23 de junho de 2007

uMa vIdA...

«Tenho saudades dos momentos em que vivia aproveitando cada minuto, cada segundo, sem consciência do tempo, da responsabilidade, do dever, da obrigação. Brincava, dormia, comia, falava, brigava, chateava e chateava-me, trabalhava, estudava... sempre com a mesma força, com a mesma unidade que faziam cada momento algo único, um tesouro imperdível, uma vida verdadeiramente vivida.
Tenho saudades das brincadeiras infantis, das piadas inoportunas, dos comentários censurados, da vontade enfrentada, do desejo espontâneo. Sonhava, desistia, enfrentava, construía, olhava... tudo era meu mas eu não era pertença de nada. Pensava ser Eu e somente Eu que vivia.
Agora cresci e descobri que nunca vivi sozinho, nunca fui um Eu uno, alguém esteve sempre a meu lado, melhor, em mim mais do que eu próprio [JC]... E também fui deixando-me em quem tocava, em quem olhava, em quem ajudava, em quem amava, com quem me relacionava, com quem partilhava. Mas também em quem odiava, em quem desprezava. Sim… as relações são isso mesmo, uma troca mutua de nós mesmos, uma manifestação, uma dádiva do que, em nós, é incomunicável.Sou eu e continuarei a ser Eu, em mim, e em todos os que querem continuar a fazer parte da minha história!»

22 de junho de 2007

o qUE é SEr pobRe...

Um pai, muito bem colocado na vida, querendo mostrar ao seu filho que é ser pobre, levou-o a passar uns dias com uma família de camponeses, onde ele esteve 3 dias e 3 noites.
No carro, de regresso à cidade, o pai perguntou-lhe: - Como foi a tua experiência?
- Foi boa -, respondeu o filho, com o olhar perdido à distância.
- E o que aprendeste? - Insistiu o pai.
O filho respondeu:
1 - Que nós só temos um cão e eles têm quatro.
2 - Que nós só temos uma piscina com água tratada, que ocupa apenas metade do nosso quintal e eles têm um rio sem fim, de água cristalina, onde há peixinhos e outras belezas.
3 - Que nós importamos lustres do Oriente para iluminar o nosso jardim, enquanto eles têm as estrelas e a lua para os iluminar.
4 - Que o nosso quintal chega até ao muro e o deles chega até ao horizonte.
5 - Que nós compramos a nossa comida e eles cozinham a deles.
6 - Que nós usamos microondas, enquanto que tudo o que eles comem tem o delicioso sabor do fogão a lenha.
7 - Que nós ouvimos CD's... e eles ouvem uma perpétua sinfonia depássaros, sapos, grilos e outros bichinhos... tudo isso, às vezes, acompanhado pelo catito canto de um vizinho que trabalha a terra.

8 - Que, para nos protegermos, vivemos rodeados por um muro, com alarmes... e eles vivem com as suas portas abertas, protegidos pela amizade dos seus vizinhos.
9 - Que nós vivemos 'conectados' ao telemóvel, ao computador, à televisão e eles estão 'conectados' à vida, ao céu, ao sol, à água, ao verde do campo, aos animais, às suas sombras, à sua família...
10 - ....
E terminou: - Obrigado, pai, por me ter ensinado o quanto somos pobres!

Conclusões:
A cada dia que passa, estamos mais pobres de espírito. Preocupamos-nos com TER, TER, TER, E TER CADA VEZ MAIS, em vez de nos preocuparmos com SER, SER cada vez mais, SER cada vez melhor, SER verdadeiro, SER livre, SER completo.

Ao fim e ao cabo parece que Jesus tinha razão, Benaventurados os pobres, porque deles é o Reino dos Céus...(sabeis o que é o Reino dos Céus, certo? - Não? Lede a Cidade de Deus de Santo Agostinho)
[texto adaptado de um e-mail]

21 de junho de 2007

quAnto cUsTa a PaZ?


QUANTO CUSTA
Duas mãos que se unem?
Uma palavra de perdão?
Um sorriso que perdoa?
Uma razão que compreende'
Um coração que aceita?
Uma vontade que ajuda?
Uma vida que se dá?
Uma força que se mostra pelos actos corajosos e destemidos?
Uma vida que se dá a preço de um simples e amoroso sorriso?

20 de junho de 2007

vaMos A isSo...

Com mãos se faz a paz se faz a guerra
Com mãos tudo se faz e se desfaz
Com mãos se faz o poema - e são de terra.
Com mãos se faz a guerra - e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedra estas casas mas de mãos.
E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.


Manuel Alegre

pAz!!! pRecIsaMos dE pAz



"O tiroteio à nossa volta quase não nos deixa ouvir. Mas a voz humana destaca-se de todos os outros sons. Sobrepõe-se aos ruídos que silenciam tudo o resto. Mesmo quando não grita. Mesmo quando não passa de um sussuro. O mais ténue dos sussuros sobrepõe-se ao clamor das armas. Quando fala a verdade."

Do filme A Intérprete



13 de junho de 2007

uM peQueNo peNsaMentTo

"O desejo é dificil de suster...
Ainda que eu o quisesse aniquilar sem mais, não conseguia...
No momento em que deixar de sentir, de amar, de sonhar, deixo de SER."

1 de junho de 2007

SeRá SHakspeARe PeSsimISTa ou aTé tEm rAZão?

Ser ou não ser, eis a questão. Qual será o partido mais nobre? Suportar as pedradas e as frechadas da fortuna cruel ou pegar em armas, contra o mundo de dores e acabar com elas, resistindo? Morrer, dormir, nada mais; dizer que pelo sono poderemos curar o mal do coração e os mil acidentes naturais a que a nossa carne está sujeita é, na verdade, um desenlace que todos nós fervorosamente podemos desejar. Morrer! Dormir; dormir, sonhar talvez? sim, aqui está o ponto de interrogação; quais são os sonhos que teremos no sono da morte, quando escaparmos a esta tormenta da vida? Isto obriga-nos a reflectir. É tal reflexão que prolonga por tão largo tempo a vida do miserável; quem quereria suportar, na realidade, as chicotadas e os desprezos dos tempos que vão correndo, as injustiças do déspota, as afrontas do orgulhoso, as torturas do amor incompreendido, os vagares da justiça, a insolência dos poderosos, os pontapés que o mérito paciente recebe dos indignos, quando para si mesmo podia alcançar a paz com a simples ponta dum punhal? quem quereria gemer, suar sob o peso duma vida de canseiras, sem receio de alguma coisa depois da morte, essa região desconhecida de onde nenhum viajante volta? Eis o que embaraça a vontade e nos decide a suportar os males de que sofremos, com medo de irmos encontrar os outros que não conhecemos. É assim que a consciência faz cobardes de nós todos; é assim que as cores naturais da nossa resolução mais firme empalidecem perante o frouxo clarão do pensamento doentio e os projectos de grande alcance e de grande importância, graças a esta consideração, mudam de rumo e voltam ao nada da imaginação. Mas… silêncio! (…).[Hamlet]

EMpeNho, EfiCÁcia, ExcElêNcia! e... aMor?

No nosso MuNdo_MaLucO da técnica, da produção, da economia e do economicismo, EMpeNho, EfiCÁcia, ExcElêNcia, ... são regras de ouro que surgem constantemente em qualquer projecto, em qualquer actividade, no que quer que seja.
Pensemos (como é nosso habito) …
Isto é bom ou mau?
Bem, seria uma imprudência dizer, simplesmente, uma ou outra coisa!
Com efeito, o Empenho, a Inteligência, a Eficácia, a Excelência e muito mais coisas não são, em si, nem más nem boas. (É exactamente como os sentimentos… São o que são, enquanto tal! …)
A sua positividade ou negatividade existe? Sim, sem dúvida, mas apenas enquanto relativa “àquilo que”, e “à forma como” estas coisas se aplicam. Passo a exemplificar…
Eficientemente falando, o que importa a um jogador de futebol é vencer o jogo e, se possível, marcar muitos golos! Contudo, se para atingir tais níveis de eficácia ele não se importar de enganar o árbitro, lesionar os adversários, ou mesmo, roubar os golos aos elementos da sua própria equipa a sua eficácia é boa?
Infelizmente, não podemos dizer que não é! Se a sua equipa conseguiu os seus objectivos! … A sua eficácia é impecável!
- Agora, “a forma como” ele consegue ser eficaz é, sem sombra de dúvida (que se roa quem quiser) muito má. É anti-desportiva; injusta; imoral, até...
Raciocíneo semelhante pode-se fazer em relação à ineficácia! À aparente ineficácia!
Estou certo de que todos nós conhecemos o filme Schindler's List (A lista de Schindler, a adaptação do livro Schindler's Art de Thomas Keneally).

Lembramo-nos, com certeza, de Oskar Schindler ter dado ordens ao seu contabilista e gerente para que as munições da sua fábrica fossem totalmente inofensivas ("ficarei seriamente chateado se algum dia alguma destas munições funcionar"), ou seja, de lhe recomendar, deliberadamente, ineficácia!
A Ineficácia era boa para Oskar? Não!.. Em pouco tempo todos seus os recursos esgotaram-se e ele caiu na falência e na pobreza!
- Já “aquilo pelo qual” ele recomendou ineficácia aos seus empregados, isso, sem dúvida, era bom!
Dado isto, pergunto: como poderemos saber quando é que devemos ou não ser eficazes, empenhados, excelentes, …?
O que é que me dá garantias da validade ética da minha eficácia, do meu empenho e da minha excelência?
Um valor superior, seria a resposta politicamente correcta, dita pela nossa sociedade laica. O tanas!
O tanas!
O que é um valor superior? Superior a quê? Porquê essa superioridade? O que é que torna a superiordade válida?…

Não podemos ir por aqui! Porque os valores, senhores, também não são nem bons e nem maus! Dependem daquilo e da forma como são utilizados!
Respondendo... O Pe. Dehon, fundador do Dehonianos, dizia: Não basta fazer bem as coisas, é preciso fazê-las com Amor…
E é, efectivamente, só o Amor (entendido enquanto Caridade) que nos pode ajudar nesta circunstância: A de sabermos como agir!
Isto porque
o Amor não é subjectivo, é universal. Porque o Amor não se rege nem por cotações económicas, nem por por ideologias políticas, ou por qualquer interesse pessoal mesquinho, mas apenas por si próprio. O verdadeiro Amor nunca falha e elimina todo o erro…
É por isso que Santo Agostinho
diz: Ama, e faz o que quiseres!
(Mas não se esqueçam de amar primeiro!)

31 de maio de 2007

"iURe an INjUrIA" (PArTe uM)





1ª TEORIA DO CHARNECA

Gustavo, com pinta de “ Charneca” (a sua alcunha), finda o seu percurso casa-faculdade-casa, sem interrupções no Café Central. É tão instantâneo: poisa a Eastpak, bebe um copo de água e sem que dê por isso já está a fechar a porta de casa, a descer as escadas do prédio, e pronto a abrir a porta do Smart Roadstert. E “eis senão quando” (em estilo de narrador entusiasta à espera de uma surpresa um tanto imprevisível), desiste, vai a pé…

(…)

As reticências são o espaço mais ou menos necessário que levou a que o Charneca, teórico nos tempos livres mas “engenheiro de coisas e afins” em potência, se sentasse no banco de jardim na Praça Ponto Central. Escusado será dizer que era verde e feito de madeira, afinal todos os bancos de jardim são assim (tal e qual). Estes bancos de jardim são das poucas coisas imutáveis que existem; quer dizer, o Charneca nunca pensou que eles pudessem ter outra cor. «Mas porque é que os bancos de jardim são verdes?» pensa, repensa e volta a pensar e, não lhe vem nada à mente, nem sequer à imaginação (o lugar onde tudo é possível, onde tudo se pode controlar). Ao que parece não é lícito conceber bancos de jardim de outra cor que não em verde, sejam eles na Praça Ponto Central ou simplesmente no quintal. «PORQUÊ VERDE?» E ele pensa…repensa…e volta a pensar.
«Esquece!!!», ao falar para os seus botões e, senta-se sem reparar que horas eram, mesmo usando um relógio em cada pulso («cada maluco as suas manias» diz a Clarinha). Sem reparar no tempo, fica calado, não pisca os olhos. Levanta-se e vai embora, pois afinal todos os bancos de jardim são iguais, também as pessoas e os seus problemas, as suas inquietações e aspirações. «Terão elas sangue verde??? Não!?!?!?!?...». E voltou para casa. Amanhã é novo dia… (e se é!).

[lat. “Iure an injuria” = port. “com razão ou sem ela”]

uM pOemA

Com o sol de cada manhã,
Que rompe sem pedir licença
Uma brisa renovada e fresca, mas não estranha,
Invade-nos por completo e faz-nos sua pertença.

Ao abrir os olhos cada manhã
Vemos as cores tomarem o seu sentido
Enquanto no nosso coração se entranha
Mais que um sentimento, um dom que é vivido!

É a vida que nasce em cada manhã
Somos nós que podemos nascer cada dia....

Não nos limitemos a acordar...
Isso não depende de nós...

Procuremos fazer nascer um novo Sol em cada dia da nossa vida!
Temos de nascer... de renascer...

Unamo-nos definitivamente ao ciclo natural da natureza....
Há uma manhã... há uma tarde.. há uma noite...

Não nos esqueçamos que: há sempre um SOL!!!

30 de maio de 2007

GReve GerAL...


É claro a toda a gente que o nosso querido País está atrasado em quase tudo!
Mas, perante esta crise, porque não parar?? Cruzar os braços e descansar…
Os políticos que façam isto mexer!
Do meu suor para o meu próprio bem?? Nem mais uma gota!
Este Blog aderiu à greve, para o seu próprio mal!

Será por aqui o melhor caminho???

29 de maio de 2007

aMigOs, amIGos... neGócioS À paRtE?!...

Diga-se, em boa verdade, que a sabedoria popular tem muito a dizer àqueles que preconceituosamente a enxotam e lhe recusam qualquer valor!... Lembram-se? Vox populi, vox Dei... Mas não sejamos acríticos. Também se engana! Olhe-se para a concepção de amizade que aquele pequeno adágio transporta consigo... Mais grave ainda, olhe-se para a prática de amizade de que é reflexo! Felizmente, não é a única; mas parece-me a mais generalizada...
Com isto, quero alertar sobretudo para o uso corrente da palavra "amigo", ao que parece, demasidamente vulgarizada e pouco fiel ao que a amizade verdadeiramente é. "Ah! Eu tenho amigos aqui e acolá!" Enfim... "conhecidos", gritar-lhe-ia!
A amizade não é senão um nome do amor, um dos seus ramos, uma das suas vias de concretização. É um modo concreto de amar, de se auto-implicar na relação do "eu" com um "tu"; aliás, com o "tu", porque, na verdadeira amizade (e realmente não há outra... pois se não é verdadeira, não é, simplesmente!) aquele "tu" não só é muito concreto, como é de sobremaneira especial! Sim, a amizade tem destas coisas... É séria, não pode deixar prevalecer a passividade!
"Pois - deves estar a pensar -, este deve ser perfeito a vivê-la!" Não sou! É verdade. Mas pensei sobre isto... e percebi que a amizade é muito mais digna do que eu jamais teria imaginado! Está nas minhas e nas tuas mãos começar a dar a volta a isto!!... O copo enche-se com gotas...

uM bAncO diFerEntE...

Se eu perguntar: "O que é mais importante para ti?", entre muitas respostas, dir-me-ás que é ter amigos com quem me sinto bem e com os quais procuro ser feliz. Mas ambos sabemos que grande parte das pessoas responderia que é "ter saúde, dinheiro" e... Por aí...
Então se o dinheiro é tão importante e se até criaram e desenvolveram os bancos para que esteja bem guardado, e possa render, nós vamos ter de criar algo, um banco diferente onde possamos guardar o nosso tesouro. Sim... então pensemos juntos: Onde guardar os nossos amigos? É difícil encontrar um lugar suficientemente grande, aconchegado...
AhHhhHh! Penso que não precisamos de criar nada afinal... Que tal guardá-los no nosso coração... É o local mais seguro que temos: só lá entra quem nós queremos; é o maior espaço que podemos encontrar: tem os limites do nosso infinito amor; é o aconchego mais suave que podemos preparar.
Enfim, é o lugar onde sempre nos podemos encontrar e reencontrar sem nunca nos separarmos!
E então: Amar para viver ou viver para Amar?

uM teSouRo...

«O Reino do Céu é semelhante a um tesouro escondido num campo, que um homem encontra. Volta a escondê-lo e, cheio de alegria, vai, vende tudo o que possui e compra o campo. O Reino do Céu é também semelhante a um negociante que busca boas pérolas. Tendo encontrado uma pérola de grande valor, vende tudo quanto possui e compra a pérola
Mt 13, 45-46

28 de maio de 2007

UMa BurRa_FeLiz


Um dia, perguntaram à Madre Teresa de Calcutá o que sentia quando a aplaudiam, nas salas nobres das grandes universidades, nos lugares sagrados das grandes religiões, nos espaços famosos das grandes instituições.
Que acham que respondeu? Pergunta matreira, esta, não é? Tal como aquela que fizeram um dia a Jesus; pagamos ou não os impostos aos Romanos? (
«Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.» - cf. Mt 12, 13 - 16)
A Pobre Santa encontrava-se, aos nossos olhos, num dilema…

Se dissesse que não sentia nada seria tomada como insensível, provavelmente acusada de ter um coração de pedra, indigna merecedora da admiração do Mundo. Se, por outro lado, dissesse que ficava lisonjeada, uma ponta de orgulho poder-se-ia vislumbrar, supor, pelo menos. Talvez não fosse assim tão santa, diriam…
Ela, contudo, não demorou a responder, como era seu costume. - Fico contentíssima! - disse.
Enquanto recebia todos os aplausos, ela pesava em Jesus. Pensava na cena do Dia de Ramos que precedeu a festa da Páscoa. Pensava no seu Mestre, entrando na cidade de Jerusalém, sentado num pequeno burrinho, sendo aclamado por toda a multidão.
Ela, claro, era o burrinho.
Um burrinho feliz!

[fonte: LEMOS, Nuno Tovar de - O Príncipe e a Lavandeira. 5ª ed.]

VolTAdo PAra JeSUs pERceBes qUe...

O Amor é um sentimento muito belo e muito puro para andar na ordem do dia, nas "conversas de café", nas revistas ou na TV; o Amor deve estar no coração das pessoas, só assim ele é verdadeiro: É Amor. Não é um sentimento que limita, que traça fronteiras, antes pelo contrário, abre novos horizontes, faz sonhar, faz com que procuremos ser melhores, só assim é Amor. O Amor é contrário ao comodismo, mais, eles não se dão juntos, no mesmo coração: um coração que ama não deve querer ficar como está mas deve querer Amar mais, deve querer voar mais alto, só assim o Amor é verdadeiro.
O Amor é também universal pois, em diversas manifestações, abrange diverso corações, uma causa, as pessoas, amar é, então, Ajudar. É também universal pois se amamos alguém temos necessidade de amar o que ele ama, entre muitas coisas nós próprios pois ela também nos ama. O amor é então um espelho pois só podemos amar alguém quando primeiro, olhando para nós próprios, nos amarmos pelo que somos, pelo que fazemos e pelo que sentimos... Olhemos então para JESUS...

Amor é Amar.
E Amar pode ser tudo aquilo que fazemos basta que o façamos com Amor.

PAlaVraS dE aMor



"Como podeis falar de coisas boas, se sois maus? Porque a boca fala da abundância do coração. O homem bom, do seu bom tesouro, tira coisas boas; e o homem mau, do seu mau tesouro, tira coisas más". (Mt. 15, 34)
E então: Amar para viver ou viver para Amar?

Um bLog pAra ti e paRA mIm

Quando se fala em fazer algo para mudar o mundo, a mentalidade, pensamos logo em coisas grandiosas e, por isso, quase impossíveis ou só para heróis. Este Blog, não querendo ser atrevido, quer isso mesmo: mudar. Não é mudar o mundo todo, mas mudar certos "mundos" que podem ser os nossos corações ou as nossas vidas...
Não pretende dar lições de moral, de vida, conselhos ou outra coisa qualquer, a não ser partilhar algo de cada um de nós, sabendo que pode ser útil para ti ou para alguém que vai ler ou que está a ler. Sim: PARTILHAR!
Vamos todos PARTILHAR.

E então: Amar para viver ou viver para Amar?

27 de maio de 2007

A fARinHa...

Trigo limpo farinha amparo, é assim que diz o Povo (Povo com P grande)!
E o Povo tem sempre razão… Vox populi, vox Dei.

Ouvi, esta semana, compararem a nossa sociedade a um saco de farinha. (Não, para variar, não foi com a expressão “são todos do mesmo saco”, mas tinha razão de ser na mesma!…)
Fazendo jus dessa comparação, cada um de nós é como um pequeno grão do saco. E é verdade! Somos pequeninos, muito pequeninos; estamos perdidos e passamos despercebidos, entre o resto do quilo onde estamos integrados.
Ora, perguntavam-me, de que é que serve um pequeno grão isolado? Se bem que o quilo de farinha nunca seria o quilo de farinha se não tivesse cada um dos minúsculos e perdidos grãos que o compõem, a verdade é que um grão isolado não chega para realizar os objectivos de quem o compra, fazer um bolo, por exemplo!
Perguntaram-me depois: e o que é que une esses grãos? Se bem que eu não seja cozinheiro profissional, especialista em sobremesas deliciosas, é obvio que o que liga os grãos de farinha é a água, ou equivalente.
Onde é que se quer chegar? À sociedade, evidentemente! Somos pequenos grãos, minúsculos e perdidos. O que é que nos une?
O nosso saco de Farinha (a nossa Sociedade) tem arranjado muitos nomes para a gosma peganhenta que nos une. Solidariedade, Entreajuda, Voluntariado, Cooperação, Companheirismo… uma infinidade de palavras.
Enfim, todas muito bonitas, sem dúvida, e, quando bem entendidas, muito profundas também! Mas, sejamos sinceros, são formas imperfeitas, que os Sacos laicistas adoptaram, de nomear uma coisa muito mais profunda que, nos nossos dias, parece meter muito medo a muitos grãos.
Meter medo, porquê? Porque é verdadeiramente peganhosa, no profundo sentido do termo!...
Quem é cristão, obviamente, sabe a que me refiro. Contudo, falar em… Amor… é cada vez mais démodé. Para além disso, é arriscado. Não sei, desconfio que nem todas as pessoas alcançam a profundidade deste termo (porquê?... – tema para outro artigo!); parece-me, com efeito, que muitas se ficam pela rama! Alternativas?… Falar em Caridade..., então, está totalmente fora de questão! É que, se de Amor ainda se tem uma vaga noção, de Caridade… desconfio! Pobre S. Paulo...
Bem, a verdade é que, por detrás dessas novas marcas de gosma está, impreterivelmente, a mesma cola, o “aMor”… E não vale a pena discutir. Onde há bem, há amor, sob pena de não haver bem! Sob pena de não haver gosma!
Para quem não consegue admitir que Cristo tinha razão, e a todo o custo se quer livrar do seu mandamento, só há uma solução: viver só, isolado. Mas viver isolado será, no profundo sentido do termo, viver? Tendo em conta que nós somos um ser em relação (tema para outro post) eu diria que não!
Visto isto, detenhamo-nos um pouco sobre as vantagens de Amar, isto é, de nos 'apeganharmos' uns aos outros!
Em primeiro lugar, é só juntando os grãos do nosso saco que se consegue fazer o que quer que seja, mesmo que seja algo torrado! Mesmo assim, correndo embora o risco de nos queimarmos, o que é que é comestível: farinha em pó, ou pão preto?!
Meus senhores, não tenhamos dúvidas de que esta metáfora é muito bem aplicada à nossa vida. Nós somos, com efeito, pequenos grãos no meio de todo este mundo. Grãos especiais, porque têm necessidade de estar ao lado de outros grãos, se não desintegram-se. Acontece que, estar ao lado é necessário, mas não um fim em si mesmo. O fim é unirmo-nos aos outros grãos para formar um bolo. Para que é que temos que formar um bolo? Para nos realizarmos como grãos. Para sermos mais úteis ao padeiro que nos forma. Para vermos mais longe e sermos mais fortes (os bolos não voam ao vento como a farinha). Para uma infinidade de coisas!
Façam o favor de ser felizes, façam o favor de amar. Apeguenhem-se, e apenguenhem o mundo à vossa volta!
Toca a regar esses sacos!...