30 de novembro de 2007

UMa LuZ nO EscURo [4ª teoria]


O Outono é a estação mais divertida, na opinião do Gustavo, porque o regresso às aulas, as colheitas dos frutos, a queda das folhas e a dicotomia frio/raios de sol são-lhe uma sensação fantástica. Sobretudo se a sua melhor amiga, a Clarinha, tiver como preferência a Primavera. É um tema de conversa [entenda-se Outono vs. Primavera] que leva tardes em rebatimentos de ideias. O ponto final é quase sempre o ponto inicial da conversa, «cada um na sua e os dois na boa». No entanto, o forte argumento da amiga fazia o “Charneca” magicar, pois a seguir à Primavera vem o pleno raiar (a estação genericamente preferida do vulgo), enquanto que o Inverno sempre foi visto com tristeza, porque não se pode fazer grande coisa… é demasiado parado, acrescentava ela. Mas nem por isso a ideia deste “filósofo nos tempos livres” se alterou. Pois, se isso acontecesse deixaria de ter as tão interessantes conversas com a melhor amiga. Não é que não falassem de outros temas, mas a estação fazia-se notar e toda a gente falava do tempo (da meteorologia, chuva na próxima semana, baixa de temperatura, …).


…começa o pôr-do-sol… esvanece a luz natural… escurece…


Desde casa da Clarinha até à sua eram uns 15/20 minutos a pé. Tinha de passar a praça Ponto Central e a uns metros ao lado do café Central já estava à porta do prédio. Mas, nesse dia foi por um “atalho”, não por ser mais curto, mas por ser pouco deambulado por ele. O piso era de areia, porque era o circuito de manutenção, e nem sequer repara que o seu andar deixa a marca das suas sapatilhas e nestas marcas de areia. Ia “distraído” mas “concentrado noutras coisas”, com se justifica aos amigos quando eles fazem amigavelmente esse reparo. «É uma forma estranha de viver» dizem rindo-se. E, de facto havia um motivo, havia uma pequena luz que efemeramente aparecia. Era um muito simpático PIRILAMPO. E sempre que o tentava apanhar ele desaparecia entre os seus dedos para piscar vinte centímetros ao lado. «Mas que poder – espantava-se – é fantástico. Como é possível que um bichinho destes que se alimenta de orvalho ter uma característica tão radiosa».
Na verdade, o parque nas traseiras da praça era um belo abrigo para estes animais, pois à sua volta havia mais uns quantos, mas ele só se deu conta depois desta feliz extasia.
- Porque é que pirilampos estão escondidos no escuro? Pela sua insignificância? Não me parece. Será que foram apenas criados para serem apreciados? – Eram questões sem resposta pronta e as perguntas eram mais que muitas. Como é possível que os pirilampos só sejam visíveis, pelos mais atentos, na presença do escuro. E quanto mais negro melhor se vê a luz inacessível desse ser!
A experiência tocou-lhe, não pela vulgaridade de encontrar pirilampos, mas pela invulgaridade de ideias que o facto de ir pelo «atalho» lhe trouxe.

1 comentário:

Anónimo disse...

"Eu vejo
caem as folhas
é Outono
a Primavera permanece
as folhas caem
vejo com tonalidades amarelas
traços suaves
verdes
claros
o vento"

Related Posts with Thumbnails