11 de março de 2008

MaGnoLiA


Ainda antes de começar a escrever um texto para o blog, li um poema de Daniel Faria: «Sabes, Leitor, que estamos ambos na mesma página». Tem a sua piada… porque a maioria das vezes não nos damos conta disso. Mas, também engraçado é ver que o autor do poema aproveita o facto de o leitor lá ter chegado para lhe explicar como vê crescer uma magnólia.
Magnólia? Mas se magnólia é uma flor, deve ser igual a tantas outras, independentemente da espécie, da cor, do tamanho… [pelo menos foi essa a minha sensação. Mas de facto, o nome magnólia dá um ar místico-mítico].
Continuando a ler o poema, sou alertado para o facto de parecer uma vulgaridade e «alguma coisa não necessária» a sua explicação e, por isso, fiquei com curiosidade em saber como é que ele a vê crescer; continuei a ler e a devorar cada verso, cada palavra, cada letra.

Agora n sei o que dizer… eis o poema:

«Sabes, leitor, que estamos ambos na mesma página
E aproveito o facto de teres chegado agora
Para te explicar como vejo o crescer de uma magnólia.
A magnólia cresce na terra que pisas – podes pensar
Que te digo alguma coisa não necessária, mas podia ter-te dito, acredita,
Que a magnólia te cresce como um livro entre as mãos. Ou melhor,
Que a magnólia – e essa é a verdade – cresce sempre
Apesar de nós.
Esta raiz para a palavra que ela lançou no poema
Pode bem significar que no ramo que ficar desse lado
A flor que se abrir é já um pouco de ti. E a flor que te estendo,
Mesmo que a recuses
Nunca a poderei conhecer, nem jamais, por muito que a ame,
A colherei

A magnólia estende contra a minha escrita a tua sombra
E eu toco na sombra da magnólia como se pegasse na tua mão»



Cheguei ao fim e não encontrei ponto final; talvez o poema ainda não tenha sito acabado, ou talvez não seja necessário…