1 de junho de 2007

SeRá SHakspeARe PeSsimISTa ou aTé tEm rAZão?

Ser ou não ser, eis a questão. Qual será o partido mais nobre? Suportar as pedradas e as frechadas da fortuna cruel ou pegar em armas, contra o mundo de dores e acabar com elas, resistindo? Morrer, dormir, nada mais; dizer que pelo sono poderemos curar o mal do coração e os mil acidentes naturais a que a nossa carne está sujeita é, na verdade, um desenlace que todos nós fervorosamente podemos desejar. Morrer! Dormir; dormir, sonhar talvez? sim, aqui está o ponto de interrogação; quais são os sonhos que teremos no sono da morte, quando escaparmos a esta tormenta da vida? Isto obriga-nos a reflectir. É tal reflexão que prolonga por tão largo tempo a vida do miserável; quem quereria suportar, na realidade, as chicotadas e os desprezos dos tempos que vão correndo, as injustiças do déspota, as afrontas do orgulhoso, as torturas do amor incompreendido, os vagares da justiça, a insolência dos poderosos, os pontapés que o mérito paciente recebe dos indignos, quando para si mesmo podia alcançar a paz com a simples ponta dum punhal? quem quereria gemer, suar sob o peso duma vida de canseiras, sem receio de alguma coisa depois da morte, essa região desconhecida de onde nenhum viajante volta? Eis o que embaraça a vontade e nos decide a suportar os males de que sofremos, com medo de irmos encontrar os outros que não conhecemos. É assim que a consciência faz cobardes de nós todos; é assim que as cores naturais da nossa resolução mais firme empalidecem perante o frouxo clarão do pensamento doentio e os projectos de grande alcance e de grande importância, graças a esta consideração, mudam de rumo e voltam ao nada da imaginação. Mas… silêncio! (…).[Hamlet]

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