27 de maio de 2007

A fARinHa...

Trigo limpo farinha amparo, é assim que diz o Povo (Povo com P grande)!
E o Povo tem sempre razão… Vox populi, vox Dei.

Ouvi, esta semana, compararem a nossa sociedade a um saco de farinha. (Não, para variar, não foi com a expressão “são todos do mesmo saco”, mas tinha razão de ser na mesma!…)
Fazendo jus dessa comparação, cada um de nós é como um pequeno grão do saco. E é verdade! Somos pequeninos, muito pequeninos; estamos perdidos e passamos despercebidos, entre o resto do quilo onde estamos integrados.
Ora, perguntavam-me, de que é que serve um pequeno grão isolado? Se bem que o quilo de farinha nunca seria o quilo de farinha se não tivesse cada um dos minúsculos e perdidos grãos que o compõem, a verdade é que um grão isolado não chega para realizar os objectivos de quem o compra, fazer um bolo, por exemplo!
Perguntaram-me depois: e o que é que une esses grãos? Se bem que eu não seja cozinheiro profissional, especialista em sobremesas deliciosas, é obvio que o que liga os grãos de farinha é a água, ou equivalente.
Onde é que se quer chegar? À sociedade, evidentemente! Somos pequenos grãos, minúsculos e perdidos. O que é que nos une?
O nosso saco de Farinha (a nossa Sociedade) tem arranjado muitos nomes para a gosma peganhenta que nos une. Solidariedade, Entreajuda, Voluntariado, Cooperação, Companheirismo… uma infinidade de palavras.
Enfim, todas muito bonitas, sem dúvida, e, quando bem entendidas, muito profundas também! Mas, sejamos sinceros, são formas imperfeitas, que os Sacos laicistas adoptaram, de nomear uma coisa muito mais profunda que, nos nossos dias, parece meter muito medo a muitos grãos.
Meter medo, porquê? Porque é verdadeiramente peganhosa, no profundo sentido do termo!...
Quem é cristão, obviamente, sabe a que me refiro. Contudo, falar em… Amor… é cada vez mais démodé. Para além disso, é arriscado. Não sei, desconfio que nem todas as pessoas alcançam a profundidade deste termo (porquê?... – tema para outro artigo!); parece-me, com efeito, que muitas se ficam pela rama! Alternativas?… Falar em Caridade..., então, está totalmente fora de questão! É que, se de Amor ainda se tem uma vaga noção, de Caridade… desconfio! Pobre S. Paulo...
Bem, a verdade é que, por detrás dessas novas marcas de gosma está, impreterivelmente, a mesma cola, o “aMor”… E não vale a pena discutir. Onde há bem, há amor, sob pena de não haver bem! Sob pena de não haver gosma!
Para quem não consegue admitir que Cristo tinha razão, e a todo o custo se quer livrar do seu mandamento, só há uma solução: viver só, isolado. Mas viver isolado será, no profundo sentido do termo, viver? Tendo em conta que nós somos um ser em relação (tema para outro post) eu diria que não!
Visto isto, detenhamo-nos um pouco sobre as vantagens de Amar, isto é, de nos 'apeganharmos' uns aos outros!
Em primeiro lugar, é só juntando os grãos do nosso saco que se consegue fazer o que quer que seja, mesmo que seja algo torrado! Mesmo assim, correndo embora o risco de nos queimarmos, o que é que é comestível: farinha em pó, ou pão preto?!
Meus senhores, não tenhamos dúvidas de que esta metáfora é muito bem aplicada à nossa vida. Nós somos, com efeito, pequenos grãos no meio de todo este mundo. Grãos especiais, porque têm necessidade de estar ao lado de outros grãos, se não desintegram-se. Acontece que, estar ao lado é necessário, mas não um fim em si mesmo. O fim é unirmo-nos aos outros grãos para formar um bolo. Para que é que temos que formar um bolo? Para nos realizarmos como grãos. Para sermos mais úteis ao padeiro que nos forma. Para vermos mais longe e sermos mais fortes (os bolos não voam ao vento como a farinha). Para uma infinidade de coisas!
Façam o favor de ser felizes, façam o favor de amar. Apeguenhem-se, e apenguenhem o mundo à vossa volta!
Toca a regar esses sacos!...

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