Gustavo, com pinta de “ Charneca” (a sua alcunha), finda o seu percurso casa-faculdade-casa, sem interrupções no Café Central. É tão instantâneo: poisa a Eastpak, bebe um copo de água e sem que dê por isso já está a fechar a porta de casa, a descer as escadas do prédio, e pronto a abrir a porta do Smart Roadstert. E “eis senão quando” (em estilo de narrador entusiasta à espera de uma surpresa um tanto imprevisível), desiste, vai a pé…
(…)
As reticências são o espaço mais ou menos necessário que levou a que o Charneca, teórico nos tempos livres mas “engenheiro de coisas e afins” em potência, se sentasse no banco de jardim na Praça Ponto Central. Escusado será dizer que era verde e feito de madeira, afinal todos os bancos de jardim são assim (tal e qual). Estes bancos de jardim são das poucas coisas imutáveis que existem; quer dizer, o Charneca nunca pensou que eles pudessem ter outra cor. «Mas porque é que os bancos de jardim são verdes?» pensa, repensa e volta a pensar e, não lhe vem nada à mente, nem sequer à imaginação (o lugar onde tudo é possível, onde tudo se pode controlar). Ao que parece não é lícito conceber bancos de jardim de outra cor que não em verde, sejam eles na Praça Ponto Central ou simplesmente no quintal. «PORQUÊ VERDE?» E ele pensa…repensa…e volta a pensar.
«Esquece!!!», ao falar para os seus botões e, senta-se sem reparar que horas eram, mesmo usando um relógio em cada pulso («cada maluco as suas manias» diz a Clarinha). Sem reparar no tempo, fica calado, não pisca os olhos. Levanta-se e vai embora, pois afinal todos os bancos de jardim são iguais, também as pessoas e os seus problemas, as suas inquietações e aspirações. «Terão elas sangue verde??? Não!?!?!?!?...». E voltou para casa. Amanhã é novo dia… (e se é!).
[lat. “Iure an injuria” = port. “com razão ou sem ela”]