11 de dezembro de 2008

aS LágRimas dO chorO

Imaginem um senhor muito velhinho mas ainda cheio de vida. Um homem sorridente e bondoso, com um coração moldado por uma longa experiência de vida de tal forma que o faz perceber e amar profundamente todos os seus amigos com irrepreensível dedicação.
Na terra, cultiva o seu jardim com muita mestria e sabedoria. Cumprimenta gentilmente todos os que se lhe dirigem. Conta histórias a toda a gente: aos mais novos, acerca de tesouros escondidos, bichos enormes e assustadores, e uma grande panóplia de outros assuntos intrigantes; aos adultos acerca do que a vida lhe foi ensinando, daquilo que foi fazendo com ela, a sua vida, do que estava certo e do que, agora, vê que foi errado; aos velhotes como ele, explica melhor os sermões que padre da terra vem fazer, à pressa, todos os Domingos.
Agora imaginem que um dos seus vizinhos, um adolescente que, por sinal, até um dos mais costumeiros amigos do velho - a quem este, desde novo, mimou com carinho e atenção - , levado por alguns conselhos de uns colegas abandalhados, decide pregar-lhe uma partida. Para ver o jeito do velho, rouba-lhe os medicamentos e coloca ecstasy em seu lugar.
Obviamente, o nosso velhote adoece. Cai de cama, fica bastante debilitado. A médica de família, mais por ternura do que por dever profissional apreça-se a ir visitá-lo e descobre a marosca. Tenda corrigir a situação, mas o velhinho piora de dia para dia.
Triste e assustado, o jovem arranja coragem e vai visitar o seu amigo. Quando chega à sua cabeceira encontra um homem desfalecido, branco cheio de dores. No entanto, no resto de rosto que ainda vive, encontra-se um sorriso.
Carinhosamente, comandado pelo tal coração calejado de experiência, o velho diz - não te aflijas, não faz mal…Se conseguires imaginar, agora, como se sentiria o jovem amigo do nosso velho, saberás o que significam as lágrimas de Mt 25, 30 (“ali haverá choro e ranger de dentes”).

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